Só que nem a Baixa está reabilitada e repovoada, nem o Porto perto de o estar. A reabilitação da Baixa, salvo raras excepções, parece ter-se quedado pela movida. À noite, em especial ao fim-de-semana ou vésperas de feriado, as ruas enchem-se de gente, e, quem ali for e nada souber da versão diurna da zona, achará ser a Baixa do Porto uma área agitada e pujante, sempre cheia de pessoas.
Da noite para o dia a diferença é imensa. Se não totalmente moribundo, o mesmo espaço da alegre movida é tristonho. Pouca gente, muitas lojas fechadas ou vários espaços antes vazios convertidos em bares e discotecas, sem grande serventia diurna, aspecto geral desleixado e muito pouco reabilitado ou repovoado.
A Baixa, tirando a da folia nocturna, continua tão precisada de mudança como há uns anos. Com um acrescer do problema, a esfusiante animação noctívaga causa dificuldades várias aos poucos que na zona residem e aos que têm estabelecimentos de funcionamento diurno. Além de que, discotecas e bares, tendem a ser um negócio de duração limitada.
Quando a moda passar, ficará, tal como sucedeu na Ribeira, a Baixa com os seus antigos dilemas e sem nada de estrutural, sem nenhum plano de funcionamento e repovoamento a médio e longo prazo.
Como a recuperação da Baixa e a do Porto não são uma e a mesma coisa, apesar de a primeira fazer parte da segunda, mesmo que já se tivesse conseguido ter a Baixa de cara lavada, lojas arrebitadas, ruas vivazes e com fluxo constante, tal não significaria que o resto da cidade também assim estivesse.
Se para uma funcionalidade e fruir plenos da Baixa é preciso muito mais do que ter uma movida super badalada e na berra, também para um Porto salutar e vivo é preciso muito mais do que uma Baixa recuperada.
Como em tantas outras coisas que à cidade dizem respeito, só uma visão das partes como integrantes do todo, e tendo em vista o benefício do todo comum é possível tentar devolver à Baixa e ao Porto, se não todo, algum do seu antigo esplendor.
(Publicado na secção Opinião Porto24 a 9 de Novembro de 2011)