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Um Triângulo por Ocupar (No Rules, Great Spot!) |
O propósito do Esta é a minha cidade? é “resgatar, procurando reafirmar a importância da participação tanto de arquitectos como dos cidadãos nos processos que pensam e constroem a cidade”.
A Praça de Lisboa teve projecto Urbaclérigos, empresa pertencente à Bragaparques e à John Neild, concebido pelos arquitectos Pedro Balonas e Nuno Merino e aprovado pela Câmara Municipal do Porto. Deveria ter sido reaberta no Verão de 2009. Antes de fenecer de morte súbita, a mega-livraria Byblos era o chamariz da construção ondeada, onde também se instalaria o Pólo Zero da Federação Académica do Porto.
Passados quase dois anos lá continua a Praça de Lisboa à espera de um rumo. E, pelos vistos, de ideias. De ainda mais e mais ideias, tantas foram as pensadas, as que iam mesmo ser, as que chegaram a ser por meia dúzia de anos.
Sugestões originais? Não tenho. Para ali, só me ocorrem 2 coisas, ambas singelas, intemporais e nada inovadoras: um mercado a céu aberto ou um jardim.
Olhando para a envolvente, casario das ruas das Carmelitas e da Assunção, Campo dos Mártires da Liberdade, Praça Gomes Teixeira, Igreja do Clérigos, estas são, para mim as hipóteses mais aprazíveis e que melhor se coadunam com o todo existente.
Um mercado seria um regresso às raízes. Findo o cerco do Porto, ali se inaugurou, em 1839, o Mercado do Anjo, demolido em 1952. Décadas mais tarde o terreiro, que no entrementes servira de parque automóvel, voltou a ser mercado. Desta vez, de vendedores ambulantes. Mas a saga continuou. Desmontaram-se as barracas para se fazer nascer o Clérigos Shopping. Teve curta vida, o shopping. Em 2002 encontrava-se abandonado e até hoje assim permanece.
Fazendo as contas, o uso mais longo que a Praça de Lisboa teve foi como mercado. Num dos vértices da Praça de Lisboa, na rua Cândido dos Reis, nasceu há dois anos o Mercadinho dos Clérigos. É só pegar na ideia, remodelá-la para um espaço maior, apostar menos nos artesãos urbanos ou segunda-mão e mais nos produtos locais, tradicionais, de pequena produção, nas flores, nas especiarias, no chá, no café. E em muitas das outras coisas que se vendem num mercado a céu aberto.
A opção jardim seria uma continuação do Jardim da Cordoaria. Teria de ser pensado com espécies de copa pouco densa e que não atinjam grandes alturas. Um dos encantos e das mais-valias daquela área é a luz, a sensação de desafogo, a leveza. Um jardim denso e escuro, como o da Cordoaria, quebraria esse encanto. Um grande relvado, canteiros, arbustos rasteiros e/ou baixos, árvores de pequeno porte, dispostos do modo mais adequado ao terreno e ao que o circunda.
Quem quiser contribuir com mais ideias pode fazê-lo, até 31 de Maio, na página oficial do concurso.
(publicado na secção Opinião Porto24, a 11 de Maio 2011)